quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Dia #4 Ponte de Lima-Rubiães

Com o objetivo de aproveitar as horas mais frescas do dia, as 6 horas estávamos a começar o nosso caminho. Desde o início andamos em estradas de terra, nunca por alcatrão ao longo de toda a etapa.

Embora ontem não tenha utilizado Ice Power ou nada do género, hoje acordei mesmo bem, sem quaisquer dores ou músculos doridos, com vontade de fazer os 30km até Valença, em vez de apenas os 17 até Rubiães, tirando um dia de caminhada. Os ombros já não me doem nada, mas continuo a usar os pensos higiénicos para alcochoar e as meias na cintura para a zona que esta dorida desde o primeiro dia.

Mais uma vez, tomamos o pequeno almoço num café aos 5km, ao fim de pouco mais de uma hora de caminhada. Um café com algo muito interessante: tinha tanques com trutas, com o conceito "pesque você mesmo". Era, portanto, um café pescaria. 
Com a comida o conceito era o mesmo: "faça você mesmo". Tinha fatias de diferentes tipos de pão e comprava-se aquilo que lá quiséssemos pôr, fosse fiambre, queijo ou manteiga, entre outros. Até esta paragem, e todo o resto da etapa, fizemos com o casal português, de Sintra.

Estando o meu pai a usar os dois batons, comprei nesse local um para mim, para me auxiliar nas zonas de maior dificuldade. Experimentando logo que saí de lá, senti que ajuda imenso a caminhada. Por muito pouca força que se aplique, a sensação de retirar peso de cima dos pés sente-se logo, auxiliando a progressão no caminho. No entanto, hoje sentia-me tão bem que acabei por pendurá-lo na mochila e não o utilizar.

Embora tenha sido a menor distância percorrida até agora, foi uma das mais difíceis. Logo desde o quilómetro 5, quando saímos do café, e até ao 12º foi sempre a subir, por caminhos íngremes e de pedra, pela Serra da Labruja. Pelo caminho atestamos as garrafas de água duas vezes, em fontes da montanha. A água fresca e incrivelmente boa ajudou a prosseguir o caminho nas alturas mais difíceis. Ainda assim, por muito grande que fosse a dificuldade, tive sempre capacidade de subir tranquilamente, outras vezes mais rápido, parar para tirar fotos, voltar a apanhar o meu pai,...

Acabando a subida, paramos um pouco para recuperar, comer alguma coisa e beber água, começando depois a pior parte: descer. Embora o esforço físico para subir seja maior, durante a descida o impacto sentido nos pés é maior, bem como a fricção causada pelo deslizar do pé dentro do sapato, uma situação propícia a criar bolhas. Conseguimos ir descendo com calma, o meu pai utilizando os batons para ajudar na travagem do corpo, para poupar os pés de mais sofrimento.

Mal acabou a descida, apareceu uma roulote bar, onde voltamos a parar para descansar, bem algo refrescante e comer as sandes que tínhamos preparado no 1º café. O albergue apareceu apenas 2km depois, uma antiga escola primária recuperada e transformada de forma a ter capacidade de albergar cerca de 40 pessoas. Tendo ao dispor máquinas de roupa e de secar para a roupa, tentamos utilizá-las, de forma a despachar a roupa que ontem não teve oportunidade de secar, mas a fila de pessoas que estavam a nossa frente, dois grupos de espanhóis, demoraram imenso tempo, pelo que a tarde toda foi perdida em algo tão simples como lavar a roupa.

Hoje troquei as Nike Free 4.0 Flyknit pelas Salomon X-Tour. Por serem um tipo de sapatilha destinada a trail urbano. São sapatilhas leves que conseguem agarrar bem o solo. Por outro lado, a tecnologia Flyknit ajusta-se bem ao pé, não o permitindo mexer-se dentro da sapatilha, pelo que hoje tive mais receio de ter bolhas. Felizmente tal não aconteceu, consegui fazer mais uma etapa sem uma única bolha a impedir-me o Caminho.

A  etapa de amanhã prevê-se que seja de descanso, permitindo recuperar um pouco para retomar as etapas longas. Estamos a chegar a meio da viagem, a aventura continua a ser incrível todos os dias, passando por locais, anteriormente desconhecidos, muito bonitos e diferentes de qualquer coisa que poderíamos julgar ser possível.

2 comentários:

  1. podias trocar de pés c o teu pai, nem que fosse por um dia...era simpático da tua parte :)

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  2. Pelo que conheço do João,em que tive o privilégio de o conhecer,nesta "jornada"a Santiago,se isso fosse possível,decerto que já o teria feito,...pois é um Ser "Maravilhoso" e bastante Iluminado,...e com toda a certeza que chegaria a Santiago com seu pai,pois esse era o seu maior desejo,entre outros...
    Parabéns João por seres como és,..e nunca deixes de ser Tu mesmo....
    Abraço amigo
    Adelino Vaz

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