terça-feira, 18 de agosto de 2015

Dia #7 Mós-Pontevedra

Desta vez fui eu o responsável por acordar os outros, pus o despertador para as 5h e as 5h40 começamos o caminho. Tínhamos já ideia que o percurso até Redondela não seria fácil, começamos logo a subir mal saímos do albergue é assim continuou até aos 5km. Depois disso, estando a chegar a Redondela, o percurso começou a descer muito a pique, muito inclinado. O esforço era pior assim que se fosse a subir, especialmente para os joelhos. Acabando as descidas, tínhamos percurso plano até chegarmos à cidade, onde paramos para tomar o pequeno almoço. 

Uma vez que saímos tão cedo, todo o percurso até Redondela foi feito ainda no escuro, com o sol a começar a aparecer por volta das 7h30. Logo mal saímos do café onde comemos o pequeno almoço, parei para tirar a máquina fotográfica da mochila, que já havia luz para isso. Passamos pelo albergue da cidade e uma grande surpresa: a Lexie viu-nos e foi a correr cumprimentar-nos. Tinha decidido ficar a descansar em Redondela a descansar, depois de umas etapas longas. Entre cumprimentos, fotos e troca de contactos, que ainda não tínhamos uns dos outros, seguimos logo caminho.

Foi um dos caminhos mais bonitos por onde andamos até agora. Eu adoro as subidas, com pedras, sinto-me com mais energia, não sinto nenhumas dores e ando sempre a tirar fotos. Enquanto o Rui e a Marta iam subindo devagar, eu subia, corria, saltava e quase rastejava para tirar fotos. 

Pelo caminho da montanha, apareceu-nos um homem a indicar que havia um outro caminho, depois da capela de Santa Marta, que seguia um rio, em vez de seguir pela estrada nacional. Quando chegamos ao local, um mapa mostrava como era o caminho, que a partir daí, até se juntar ao outro, seria com setas vermelhas e laranjas em vez de amarelas. Ao longo de todo o caminho, com uma distância de cerca de 5km, o percurso era absolutamente lindo, uma floresta com o rio Louro pelo meio, que tinha todo o tipo de fauna a decorar as margens. Decidimos arriscar este caminho, uma vez que apenas tinha 1,5km mais que o tradicional, mas que passa pelo meio de um bosque. No fim, um pequeno túnel assinalava o fim do caminho. Tínhamos chegado a Pontevedra.

Quando lá chegamos, pelas 13h30, fomos logo em direção ao albergue. Já estava uma fila de pessoas a nossa frente, apenas 30min depois de abrir, tínhamos receio de eventualmente não termos espaço lá para nós. Essa situação de facto aconteceu, dos 56 lugares, as duas senhoras que nos fizeram companhia nos últimos quilómetros ficaram com os lugares 55 e 56. A pensar que teríamos de ir à procura de outro local para dormir, de ir para um albergue privado e pagar uns 12€ por cada pessoa, a senhora disse que tinha uma sala com colchões no chão, foi a nossa salvação.

Preparando as coisas para dormir e para o dia seguinte, tomamos um duche e fomos almoçar a um restaurante la ao lado, barato por ter desconto para peregrinos. Embora a comida não tenha sido nada de jeito, foi boa o suficiente para perder a fome. A saída do restaurante uma rapariga apareceu, da Lituânia, a procura do albergue. Enquanto lá estávamos, decidiu que queria continuar, que queria tentar chegar a Santiago amanhã, 2ª-feira. Depois de muitas tentativas para mostrar que isso seria impossível, ainda assim a rapariga decidiu seguir o seu caminho para tentar fazer o pretendido.

A seguir, outra incrível surpresa: Daniel, o inglês, estava no albergue! Aparentemente o Rui mandou-lhe uma mail a dizer que ficaríamos em Pontevedra e ele decidiu fazer uma etapa de recuperação para seguir connosco o resto do caminho. Estando todo juntos, fomos passear pela cidade. Sem sabermos, estava a haver uma festa na cidade, estavam a celebrar o "San Roque", o santo do povo, um feriado nacional onde toda a gente vai para a rua, em grupos identificados por tshirts iguais e ficam toda a noite a beber e dançar. Passamos por uns que tinham uma "bota de vinho", que apertavam para sair um esguicho de vinho para a boca. Um dos espanhóis entendia português, ouviu-nos a falar disso e deu-nos a experimentar. Era uma coisa estranha, claramente uma tradição espanhola. Continuando o nosso caminho pela cidade, apareceu uma banda a tocar música, animou logo toda a praça em frente à igreja, toda a gente dançava com aquela música. O ambiente era incrível, muito animado e contagiante, apetecia-nos a todos ficar por ali e divertirmo-nos como toda a gente.

Passamos por um Burguer King para comer alguma coisa, fomos vendo a atividade das pessoas na rua, a começar a festa, e seguimos depois para o albergue.

A pior parte agora é arrumar a mochila, faço sempre imensa confusão quando chego a um albergue. Uma vez que agora troquei de mochila com o meu pai, que esta é melhor, mais confortável, com melhor suporte lombar, esta mochila apenas me permite aceder às minhas coisas de cima, pelo que quando quero ir buscar algo que esteja no fundo tenho de tirar todas as coisas.

Agora a aventura vai continuar a 4, já não falta muito para acabar.

Sem comentários:

Enviar um comentário