De volta a Valongo, mais um trail pela Serra
de Santa Justa. A última vez que aqui estive foi nos 30km de Santa Justa, no
verão. Muito perto de casa, é o “quintal” de quem gosta de treinar trail na
zona do Porto. Foi aqui a minha primeira experiência de trail, há 3 anos, a
correr os 12km na altura. Há dois anos decidi passar para os 23km, uma experiência
que não correu muito bem, como relatei aqui. No ano passado, em recuperação de
lesão não cheguei a participar, tendo em vez disso ficado pela Corrida do Diado Pai, no Porto.
Cheguei bastante cedo, ainda antes das 8h, com
a prova a começar apenas às 9h30. Depois de levantar o dorsal, estive no carro
a espera que chegasse a hora da prova, a abrigar-me do frio e nevoeiro que se
fazia sentir. Pelas 9h preparei-me para ir para a partida: tirei a roupa extra
que me mantinha quente, coloquei o chip na sapatilha e o dorsal na mochila.
Apesar da experiência de há dois anos, decidi novamente levar calções de
maratona, mais frescos, e optei por não usar meias de compressão altas,
ficando-me pelas que normalmente uso em provas de estrada, que apenas protegem
até acima do calcanhar. Desta vez preveni-me melhor: vaselina nas virilhas e
nos mamilos (sim, é preciso), visto que a camisola de alças magoa-me e faz ferida.
Fui ter com os meus colegas de equipa, ainda
com mais de 20 minutos para a partida, tinham ido todos preparar-se para a
corrida. Com algum receio de os perder depois, até porque o diretor da equipa
tinha um gel energético para me dar, o meu aquecimento acabou por ser apenas
uns passos de corrida no lugar, uns saltos e mexer bem o corpo. Assim que todos
chegaram, encaminhamo-nos para a partida, ocupando praticamente o canto direito
da linha de partida apenas com atletas Gaia Trail. Nesta altura ainda fui
chamado à atenção por um colega de equipa que não tinha o dorsal colocado,
ainda estava na mochila e quase começava a corrida sem o colocar.
Assim que a corrida começou estava ainda
indeciso quanto ao ritmo a impôr. Sabia que queria andar um pouco mais rápido
no início, que assim que começasse a subir iria abrandar bastante. Lentamente,
fui ultrapassando alguns atletas, fazendo ainda o esforço de correr na primeira
subida curta que apareceu. Ainda receei estar a andar demasiado depressa quando
me vi a passar atletas da minha equipa como o Dinis e o Carlos, que sempre
considerei grandes atletas e que, na montanha, correm muito melhor que eu.
Quando começou a subir um pouco mais a sério,
com alguns atletas ainda a correr por ali acima, ja estava eu a parar e fazer a
subida a andar. A subida foi curta, mas foi suficiente para ser apanhado por
alguns atletas. Tratava-se da subida final do trail de Santa Justa, agora no
início desta corrida. Chegamos ao topo, onde se encontra a igreja de Santa
Justa, e a partir daí começou a descer. Com o Dinis e um outro atleta lado a
lado, ataquei na descida, sabia que seria o meu ponto forte, pelo que
aproveitei enquanto pude. Foram quase 4 quilómetros que fiz sempre a abrir, com
descidas pouco técnicas e zonas planas em que apenas me tentava desviar de
eventuais poças de água e lama, não valia a pena estar já a ficar com as
sapatilhas escorregadias.



Durante esse período de descida, houve um
momento em que o percurso saiu de uma estrada de terra, para um terreno com
alguns arbustos baixos algumas pedras escondidas. Foi aqui que a minha corrida
foi arruinada: um entorse do tornozelo, acompanhado por um berro de dor, que
imediatamente me fez sentar no chão agarrado ao tornozelo. Alguns voluntários
que se encontravam um pouco mais à frente ainda correram para me ajudarem, mas
não havia muito que pudessem fazer. Enquanto estive sentado passou por mim o
Dinis, que tinha-o passado assim que começou a descer e tinha já ganho alguma
distância, e pouco depois o Ivo, tendo mandado seguir os dois, uma vez que não
poderiam fazer nada por mim e ainda estávamos em luta pela classificação por
equipas.
Ao fim de uns dois minutos sentado, com a dor
a abrandar, decidi seguir caminho, lentamente. O resto da descida foi feita com
algum custo, a parar algumas vezes devido à dor. Na base da descida estava um
rio, pelo que ainda parei um pouco com o pé debaixo da água fria. Não que tenha
adiantado de muito, mas durante uns minutos ajudou na dor. Quando surgiu uma
pequena subida, fi-la a correr. Reparei que, uma vez que o entrose tinha
ocorrido por o pé ter “caído” para dentro, forçando os ligamentos do lado de
fora, a descida implica um maior impacto e uma “queda” do pé, enquanto pronador
que sou”, a subida e a força aplicada mantinham o pé tencionado, não havendo
qualquer dor.

Depois de subir tanto veio o meu maior
sofrimento: 3 quilómetros de descida. Não tinha maneira de evitar a dor, era
uma constante. A minha tentativa de aliviar era aplicar mais pressão na perna
direita, mas mesmo isso começou a não resultar, com alguma dor a surgir na zona
do joelho. Toda a gente a correr por ali abaixo e eu a andar. Sempre a
perguntarem-me se estava bem, com a minha respota já na ponta da língua: “magooei-me
no tornozelo”. Ainda fui passado por mais uns colegas de equipa, o Joaquim, o
Micael e o Nelson.


Assim que acabou a corrida tive uns 20 minutos
na tenda da comida, a injerir tudo o que tinha açucar e beber quase um litro de
isotónico. Ainda fui pedir gelo para colocar no tornozelo e acabei por me
juntar aos meus colegas de equipa, que entretanto foram chegando.

Depois de banho tomado, aguardamos a entrega
de prémios. Durante todo este tempo, desde manhã antes da prova começar, até à
entrega de prémios, um grande atleta mostrou o seu grande caráter enquanto
pessoa e colega de equipa: Luis Gil. Por motivos de saúde não pôde correr, mas
fez questão de estar presente para apoiar.
Com um erro de cálculo, subimos como equipa ao
3º lugar do pódio, que posteriormente foi corrigido para 2º lugar. Com uma
falha de um grande atleta como o Gil e eu a interromper a minha performance a
partir do quilómetro 14, o 1º lugar este ano escapou-nos.
Olhando agora para trás, depois de todo o
sofrimento e com uma entorse a demorar algum tempo a recuperar, apesar de tudo,
não fiquei totalmente desagradado com a prova. É verdade que podia ter acabado
numa classificação bastante melhor, mas a prestação que vinha a ter até ao
momento em que tive fiz a entorse, da-me esperanças de continuar a evoluir,
como tenho vindo a evoluir até agora.
No momento da entorse, com pouco mais de 14
quilómetros percorridos, tinha 1h16 no relógio. No final, a corrida teve
21,4km, que percorri em 2h20. Ou seja, 1h para percorrer 6km. Apesar disso,
melhorei o meu tempo em relação há dois anos em 20min, tendo em conta que o
percurso agora também é um pouco diferente na parte inicial.
Tempo final 2h20min29seg para uma distância de 21,41km. Média 6'34''/km.
Voltas:
1ºkm 3'25''
2ºkm 4'22''
3ºkm 8'35''
4ºkm 3'40''
5ºkm 4'51''
6ºkm 3'57''
7ºkm 3'54''
8ºkm 5'12''
9ºkm 4'59''
10ºkm 6'48''
11ºkm 5'34''
12ºkm 3'52''
13ºkm 5'10''
14ºkm 10'43''
15ºkm 6'02''
16km 9'13''
17ºkm 11'46''
18ºkm 10'03''
19ºkm 9'53''
20ºkm 10'04''
21ºkm 6'32''
410 metros 1'55'' (ritmo 4'39'')
Ver registo: Garmin Connect
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