segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Corrida Montepio 2016

A minha prova de eleição de 10km, ir e voltar completamente plana. O meu recorde aos 10km foi aqui estabelecido em 2014, 35min. O objetivo era melhorar, eventualmente conseguir chegar aos 33min.

Ainda antes de chegar o dia da prova já tinha começado a correr bem. Apesar de no último ano não ter realizado nenhuma prova de 10km abaixo dos 35min, que me permitisse partir no bloco de partida Elite B, um mail bem argumentado, com algumas da minha capacidade física, consegui ser o suficiente para beneficiar deste bloco de partida.

Chegado o dia da prova, já com o kit de atleta levantado no dia anterior (uma viagem de que fui forçado a fazer propositadamente a Lisboa, na qual perdi mais de 2 horas), encaminhei-me com o meu pai para a Praça do Comércio, para a zona onde iríamos entregar o nosso saco e o guardariam até ao fim da prova. É esta uma pequena grande diferença numa prova bem organizada: a existência de bengaleiro para guardar os pertences.

Na mesma altura em que eu bati o meu recorde de 35min, o meu pai tinha batido o dele, baixando os 50. No entanto, uma vez que tinha sido há mais de um ano, não foi capaz de apresentar comprovativo para partir no bloco de partida sub50, tendo por isso partido no sub60, numa partida 10min depois da primeira. Com isso em mente, e de forma a tentar ter uma partida melhor, foi logo para o local da partida situada no Rossio. Por outro lado, eu sabia que tendo o dorsal para o bloco de partida Elite B não teria de me preocupar com ir tão cedo para a partida, poderia perder mais algum tempo a aquecer com calma e ir para a partida apenas 5 min antes da hora.

Até aqui tudo bem, teria uma boa partida e sentia-me em boa forma, andei a treinar desde Março para estar agora numa boa forma física e melhorar a minha marca. A prova começa e eu tento desde logo manter o ritmo a que me tinha mentalizado: 3’20’’/km. Durante os primeiros 500 metros ainda acompanhei o grupo da frente, mas sem tentar estar a manter aqueles ritmos pois sabia que me iriam desgastar, apenas mantive-me como me sentia confortável, talvez eles se tivessem a poupar para mais tarde.

Do Rossio vamos diretamente para a Praça do Comércio e, desta vez, em vez de virarmos à direita para a Rua do Arsenal e passarmos ao lado da Câmara de Lisboa, as obras obrigaram a seguirmos pelo caminho mais junto ao rio. Assim que viramos sente-se o vento, de repente toda a gente converge para o centro da estrada, a tentar apanhar o mínimo de vento possível, a “esconder-se” atrás do atleta da frente. O primeiro km já tinha passado, num tempo de 3’15’’.

Enquanto todos se tentavam manter atrás do atleta que tinham à frente, eu fui tentando passar alguns, sentia que o ritmo que tinha sido imposto naquela altura era demasiado lento para aquilo que eu queria fazer. Cometi o erro que tentar correr mais depressa, tentar apanhar um pequeno grupo de atletas que entretanto se tinha afastado. De forma a apanhar aquele grupo tive de correr até ao 3ºkm sempre com vento. Assim que os apanhei tinha em mente abrandar e recuperar um pouco (se é que se pode dizer que se pode recuperar a correr a 3’30’’/km).

Não faltou muito para me aperceber da dimensão do meu erro. Comecei a sentir dificuldade em mexer os braços, parecia que o sangue não afluía à extremidade das mãos. As pernas foram a seguir, sentia que os músculos não queriam mexer por mais que eu tentasse. Sentia os braços presos, talvez por estar a correr com uma camisola de manga curta em vez de alças, que não tem nada a "agarrar" o braço. No primeiro abastecimento foi quando fui forçado a abrandar. Olhei para o relógio e reparei que estava a correr a 3’45’’/km, senti-me desolado. Queria vir aqui para bater o meu recorde e estava a correr a ritmos que nem umas semanas antes na Meia Maratona tinha feito.

A volta estava nos 5km. Ainda foi uma distância que fiz em esforço, tentando não abrandar demasiado, mas a sentir que não estava a aguentar. Comecei a sentir o pior quando surgiu uma dor nas costas, talvez por estar a tentar repirar demasiado fundo para recuperar. Nesta altura fui passado pela primeira mulher. Ainda tentei aproveitar o grupo que seguia com ela, que tapava o vento, mas o cansaço era de tal ordem que nem assim conseguia correr.

Quando virei a favor do vento consegui ganhar um pouco de ritmo, mas ainda com bastantes dores. A única diferença aqui era observar que a maior parte dos atletas que segui à minha volta já não estava a fugir de mim, estava a conseguir manter o mesmo ritmo que eles. Assim fui andando até passar de novo pelo abastecimento, desta vez colocado ao início do 7ºkm.

Abrandei um pouco para beber água e refrescar a cabeça e senti um pequeno grupo a aproximar-se por trás de mim. Sem virar a cabeça para trás percebi que se tratava do grupo que acompanhava a segunda mulher. Uma força de motivação cresceu em mim neste momento, afinal poderia não estar assim tão mal. Comecei a acelerar, de repente já estava outra vez a baixar os 3’30’’ e a passar os altetas que me tinham passado nos últimos km’s.

Sabia o que ainda tinha pela frente, estava na zona de Santos, ainda tinha a reta até chegar ao Cais do Sodré e daí ainda seria 1km até à meta. Foquei-me apenas no infinito, não pensava na distância nem nos altetas que estava a passar, apenas em olhar em frente e controlar a respiração. Quando cheguei ao Cais do Sodré comecei a sentir algum cansaço, quase que a impossibilitar manter aquele ritmo até ao fim.

Pela primeira vez durante esta prova, colei-me a um atleta e prometi a mim mesmo que não o largaria até ao fim, ele seria a minha marca a atingir. Ainda me consegui colocar ao lado dele, mas o cansaço começava a sentir-se cada vez mais.

Estava agora de volta à Praça do Comércio. Tinha apenas de entrar na Rua da Áurea e dar a volta para passar pelo Arco da Rua Augusta. Um relance no relógio e vi os números 34:10. Será que ainda consigo chegar antes dos 35min?

Uma força surgiu em mim e, parecendo sem respirar, comecei a alargar mais a passada e a correr cada vez mais rápido. A passar debaixo do Arco senti uma sensação de vómito, estava no limite! Consegui chegar à meta com o tempo de 34:52. E como “quando a cabeça não tem juizo, o corpo é que paga”, quando parei cheguei mesmo a vomitar o resto de massa do pequeno almoço que ainda me restava no estômago.


Uma prova que continuo a considerar uma das minhas de eleição, melhorei a minha marca em cerca de 10 segundos. Não ponho em causa que seja uma marca bastante boa, apesar de tudo não é qualquer pessoa que faz os 10km em 35min, mas não me sinto realizado por isso, sabendo que se tivesse gerido, mesmo num dia de vento como o que estava, poderia facilmente ter feito 34min.

O meu registo do relógio aponta para 9,89km em 34min54seg. Um ritmo médio de 3’31’’/km (entretanto alterado para 10,0km, que indica uma média de 3’29’’/km).

Quilómetros:
1ºkm 3’16’’
2ºkm 3’21’’
3ºkm 3’26’’
4ºkm 3’38’’
5ºkm 3’48’’
6ºkm 3’46’’
7ºkm 3’40’’
8ºkm 3’35’’
9ºkm 3’27’’
890 metros 2’55’’ (ritmo 3’19’’)

Ver registo: Garmin Connect

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