Vitória! Primeiro lugar numa prova de longa distância.
Há uns anos, quando ainda não sabia bem o que era isto de
correr, cheguei a ganhar uma prova promovida pela RunPorto: EDP Mini Campeões,
uma distância de 3200 metros no dia anterior à Corrida de S. João. No entanto,
a concorrência era diferente do que se espera numa corrida de maior dimensão.
Pequena entrevista no final |
Desde a primeira vez que corri esta corrida que defini como
a minha prova de eleição da época. A primeira edição teve lugar no dia 21 de
Junho de 2014, com as variantes de Maratona, 19km e 30km Vassoura. A começar às
19h, no Parque do Monsanto, acabaria no Parque Eduardo VII já de noite. Este
ano mudaram a data para 21 de Maio, a começar às 11h da manhã e a começar e
acabar no mesmo local: no topo do Parque Eduardo VII, onde se localiza a
Bandeira de Portugal.
Esta situação, associada ao sistema de inscrição e pagamento
pela BlueTicket, fez com que este ano decidisse não me inscrever. Ainda entendo
a questão de começar e acabar no mesmo local, com algumas tendas montadas das
marcas que apoiam a prova, mas as outras mudanças que se verificaram não
consigo entender nem concordar. O único motivo pelo qual participei na prova
foi o facto de a Merrell, um dos patrocinadores principais da prova, ter feito
um concurso no Facebook a oferecer 3 inscrições e eu ter ganho.
Já aí, alguma falta de organização que me chateou bastante.
Quando a Merrell me contactou a comunicar que tinha ganho a inscrição, pedia na
mensagem todos os meus dados. Assim que mandei os dados, pediram que verificasse
o meu mail e me inscrevesse no link recebido. Não tinha nada! Verifiquei no
SPAM (que é algo que nunca vejo) e estava lá. Portanto, a maneira como a
BlueTicket escreve os mails, o Gmail considera SPAM. Abri o link indicado e
pedia diretamente uma passe, que assumi tartar-se do número de registo que
acompanhava o link. Após várias tentativas, comuniquei de volta com a Merrell,
que me disseram que teria de pedir uma nova passe (esqueceram-se de mencionar
isso na mesmagem e no mail que mandavam). Quando finalmente coloquei a passe,
tinha um formulário a pedir todos os dados que anteriormente me tinham sido
pedidos por mensagem. Já estava absolutamente exausto disto tudo, mas
tratava-se de uma inscrição oferecida.
Dois dias antes da prova lembrei-me de ir ver o regulamento,
sendo que este dizia que apenas seriam entregues dorsais no dia anterior à
prova. Como me tinha sido pedido e tinha preenchido morada, mandei mensagem a
perguntar se teria entrega em casa. Depois de alguma conversa com a Merrell a
ver se conseguiriam arranjar solução, consegui que me deixassem levanter o
dorsal antes da prova.
Chegado o dia, sem grande necessidade de me levantar muito
cedo, uma vez que a prova seria apenas às 11h, cheguei ao local pelas 10h20.
Fui levantar o dorsal, ainda deu tempo de ir a casa de banho, equipei-me e fui
aquecer um pouco.
Enquanto corria a ritmos tranquilos, fui-me mentalizando que
tinha vindo aqui apenas para me divertir, aproveitar, e perceber até que ponto
as alterações realizadas na prova teriam alterado a sua “magia” e
autenticidade. A comer uma banana, fui para o local de partida ainda com 10
minutos para a partida.
Acabo por ser um pouco obececado com o partir bem, na frente
da corrida, para não estar no meio da confusão e estar quase um quilómetro a
correr aos zigue zagues até que o ritmo estabilize pelos atletas. Enquanto fui
esperando pela hora de partida, a única coisa que podia fazer era dar uns
saltinhos e ir observando os atletas que se iam juntando. Apesar de estar a “tentar” não entrar em caráter
competitivo, não estava a ver ninguém que se assemelhasse muito a um “atleta”,
nem ninguém que conhecesse.
Quando finalmente chega o momento, parto logo na frente. Com
um pequeno precalço com a mota na primeira curva, que me cortou um pouco o
caminho, fui andando com alguma calma (3’30’’) para ver se haveria alguém que
puxasse pelo grupo. Fui ouvindo uns passos não muito atrás, mas não parecia que
alguém estivesse a querer ir mais rápido.
Ao fim de 2 quilómetros, acompanhado por um ciclista a
abrir-me caminho, inteirei-me que estava na liderança. Não sabia bem a que
ritmo andar, tinha receio de ir demasiado rápido, mas também de ir demasiado
lento. Sabia que ainda teria muito pela frente, pelo que apenas decidi ir a um
ritmo “confortável”.
Assim fui andando pela ciclovia durante mais um quilómetro,
até que tenho pessoas à minha frente a indicar o caminho para a esquerda.
Estava agora a entrar no Parque do Monsanto, com uma ligeira subida. Olhei para
esquerda, para donde tinha vindo, e reparei que tinha uma vantagem de cerca de
200 metros para os 2º e 3º lugar.
Reparei que estava a passar pelo local da partida dos anos
anteriores, teria agora a primeira subida da corrida, ainda por alcatrão. Era
uma subida um pouco longa, seguido de plano e descida já em estradão de terra,
característico do Parque do Monsanto. Esta parte já reconhecia das outras
edições, ia conseguindo gerir o ritmo tranquilamente, até que ao 7º quilómetro
surgiram umas subidas bem fortes. Foi quase um quilómetro seguido com várias
subidas, interrompidas por umas dezenas de metros de plano, com diferentes
níveis de exigência.
Tal como já referi anteriormente, eu não sou bom atleta nas
subidas, fico cansado muito rapidamente. Fui tentando o que podia, sabendo que
pouco atrás viriam os meus adversários, mas a certa altura tive mesmo de parar
e fazer a andar. Nesse momento, reparei que um dos atletas estava a cerca de 50
metros de mim e fiz o esforço para começar a correr. Tive hipótese de recuperar
pouco a seguir, mas as subidas continuaram até ao 9º quilómetro. Nessa altura,
ritmos de 4’/km no plano pareciam fáceis e eram o ritmo de recuperar.
A bater no 10º quilómetro, uma pequena situação quase me
fazia perder a corrida toda: numa zona de rotunda, com polícia a controlar o
trânsito, ninguém se apercebeu que eu era dos 21km e não dos 42km. Havia uma
placa que indicava que a Meia Maratona deveria atravessar a estrada, que eu fiz
sem que a polícia parasse o trânsito, mas logo a seguir quase ia seguir em
frente, até que ouvi um grito do ciclista que estava a acompanhar que seria
para outro lado.
Ainda agoniei durante um pouco enquanto não cheguei ao
abastecimento dos 10km, que apenas surgiu quase aos 11 quilómetros. Nessa
altura entrou num trilho que acompanhava a estrada, numa ligeira e longa curva
à direita e tive oportunidade de olhar para trás e ver que já tinha ganho
alguma distância dos outros atletas, mas não mais do que 300 metros.
Durante um segmento plano o ciclista que me acompanhava
recebeu uma chamada e referiu que iria apanhar o primeiro da maratona.
Honestamente, nesta altura, tive algum receio que me pudesse perder. No
entanto, e nisso dou os parabéns à organização, cada curva tinha sempre uma
indicação, com uma placa afixada ao nível dos olhos.
Pouco depois disso devo ter atingido a maior velocidade
constante da corrida, durante cerca de 500 metros numa linha reta com uma
ligeira descida, olhei para o relógio e estava a 3’30’’/km. Foi de curta
duração, que logo a seguir uma subida muito agressiva fez-me parar e andar
quase 1 minuto seguido a pé. Ainda assim, a vantagem que tinha criado foi
suficiente para que não visse os outros dois ao olhar para trás.
Durante a corrida ainda deu para um momento de piada e
aliviar-me um pouco a pressão: enquanto estava numa zona plana, estava a vir no
sentido contrário um grupo de pessoas a passear; atrás de mim, uns ciclistas
que também estavam a passear, que me tinham apanhado; uma das pessoas da frente
chama a atenção para “a bicicleta”, para se afastarem, ao que uma senhora olha
para mim e exclama “Este perdeu a bicicleta!”.
Chegada à meta |
Estava ainda com apenas 13km e o sentimento que não
conseguiria ir até ao fim começou a apoderar-se de mim. Começava a sentir
cansaço e as pernas a ficarem pesadas, ainda a imaginar o que teria de fazer
até à meta.
No entanto, apenas 1,5km depois, com direito a subida a
caminhar e descida para recuperar, estava a entrar no segmento final da prova.
O abastecimento dos 15km marcava o que seria apenas alcatrão até ao fim da
corrida, uma zona que conhecia e estava habituado. Durante o abastecimento tive
tempo de beber e refrescar-me com uma garrafa e ainda apanhar outra no final do
abastecimento, algo que nunca fiz antes.
Assim que entrei na ciclovia senti uma maior motivação e
comecei a correr mais rápido, a fazer o dois quilómetros seguintes nos
3’45’’/km. Mas a ciclovia revelou-se maior do que esperava, no final estava já
a ficar cansado e com alguma dificuldade a manter ritmos de 3’50’’. Ia
conseguindo esforçar-me a criar pequenos objetivos de ir passando atletas dos
12km, mas o calor neste segmento era particularmente agressivo, sem árvores a
criar sombra.
Conversa com 2º e 3º lugar (dois da esquerda) |
Já saído da ciclovia, faltavam apenas 2 quilómetros, o
ciclista voltou a juntar-se a mim, especialmente para indicar que seria o
primeiro atleta dos 21. O cansaço já era muito, ao ponto de numa subida não
muito íngreme estar a parar para recuperar.
No final, já com muito esforço do calor, cruzei a meta no
primeiro lugar, com 1h27min no relógio.
Tive a oportunidade no final de falar com os outros dois
atletas que ficaram em 2º e 3º lugares, partilhar sensações que tivemos durante
a prova.
Passado cerca de 1 hora, a entrega de prémios, onde subi ao
lugar cimeiro do pódio, naquela que espero que seja a primeira de muitas mais
no futuro.
No final, corri 21,09 quilómetros em 1h27min34seg, uma média
de 4’09’’/km:
- 1ºkm 3’27’’
- 2ºkm 3’31’’
- 3ºkm 3’47’’
- 4ºkm 4’25’’
- 5ºkm 4’05
- 6ºkm 4’09’’
- 7ºkm 5’11’’
- 8ºkm 4’36’’
- 9ºkm 4’26’’
- 10ºkm 3’57’’
- 11ºkm 3’47’’
- 12ºkm 3’58’’
- 13ºkm 4’26’’
- 14ºkm 4’24’’
- 15ºkm 4’18’’
- 16ºkm 3’59’’
- 17ºkm 3’42’’
- 18ºkm 3’50’’
- 19ºkm 3’59’’
- 20ºkm 4’31’’
- 21ºkm 4’46’’
- 90 metros 19 segundos (média 3’20’’/km)
Sem comentários:
Enviar um comentário