sábado, 10 de junho de 2017

Lisbon Eco Marathon 2017

Vitória! Primeiro lugar numa prova de longa distância.

Há uns anos, quando ainda não sabia bem o que era isto de correr, cheguei a ganhar uma prova promovida pela RunPorto: EDP Mini Campeões, uma distância de 3200 metros no dia anterior à Corrida de S. João. No entanto, a concorrência era diferente do que se espera numa corrida de maior dimensão.

Pequena entrevista no final
Desde a primeira vez que corri esta corrida que defini como a minha prova de eleição da época. A primeira edição teve lugar no dia 21 de Junho de 2014, com as variantes de Maratona, 19km e 30km Vassoura. A começar às 19h, no Parque do Monsanto, acabaria no Parque Eduardo VII já de noite. Este ano mudaram a data para 21 de Maio, a começar às 11h da manhã e a começar e acabar no mesmo local: no topo do Parque Eduardo VII, onde se localiza a Bandeira de  Portugal.

Esta situação, associada ao sistema de inscrição e pagamento pela BlueTicket, fez com que este ano decidisse não me inscrever. Ainda entendo a questão de começar e acabar no mesmo local, com algumas tendas montadas das marcas que apoiam a prova, mas as outras mudanças que se verificaram não consigo entender nem concordar. O único motivo pelo qual participei na prova foi o facto de a Merrell, um dos patrocinadores principais da prova, ter feito um concurso no Facebook a oferecer 3 inscrições e eu ter ganho.

Já aí, alguma falta de organização que me chateou bastante. Quando a Merrell me contactou a comunicar que tinha ganho a inscrição, pedia na mensagem todos os meus dados. Assim que mandei os dados, pediram que verificasse o meu mail e me inscrevesse no link recebido. Não tinha nada! Verifiquei no SPAM (que é algo que nunca vejo) e estava lá. Portanto, a maneira como a BlueTicket escreve os mails, o Gmail considera SPAM. Abri o link indicado e pedia diretamente uma passe, que assumi tartar-se do número de registo que acompanhava o link. Após várias tentativas, comuniquei de volta com a Merrell, que me disseram que teria de pedir uma nova passe (esqueceram-se de mencionar isso na mesmagem e no mail que mandavam). Quando finalmente coloquei a passe, tinha um formulário a pedir todos os dados que anteriormente me tinham sido pedidos por mensagem. Já estava absolutamente exausto disto tudo, mas tratava-se de uma inscrição oferecida.

Dois dias antes da prova lembrei-me de ir ver o regulamento, sendo que este dizia que apenas seriam entregues dorsais no dia anterior à prova. Como me tinha sido pedido e tinha preenchido morada, mandei mensagem a perguntar se teria entrega em casa. Depois de alguma conversa com a Merrell a ver se conseguiriam arranjar solução, consegui que me deixassem levanter o dorsal antes da prova.

Chegado o dia, sem grande necessidade de me levantar muito cedo, uma vez que a prova seria apenas às 11h, cheguei ao local pelas 10h20. Fui levantar o dorsal, ainda deu tempo de ir a casa de banho, equipei-me e fui aquecer um pouco.

Enquanto corria a ritmos tranquilos, fui-me mentalizando que tinha vindo aqui apenas para me divertir, aproveitar, e perceber até que ponto as alterações realizadas na prova teriam alterado a sua “magia” e autenticidade. A comer uma banana, fui para o local de partida ainda com 10 minutos para a partida.

Acabo por ser um pouco obececado com o partir bem, na frente da corrida, para não estar no meio da confusão e estar quase um quilómetro a correr aos zigue zagues até que o ritmo estabilize pelos atletas. Enquanto fui esperando pela hora de partida, a única coisa que podia fazer era dar uns saltinhos e ir observando os atletas que se iam juntando. Apesar de  estar a “tentar” não entrar em caráter competitivo, não estava a ver ninguém que se assemelhasse muito a um “atleta”, nem ninguém que conhecesse.

Quando finalmente chega o momento, parto logo na frente. Com um pequeno precalço com a mota na primeira curva, que me cortou um pouco o caminho, fui andando com alguma calma (3’30’’) para ver se haveria alguém que puxasse pelo grupo. Fui ouvindo uns passos não muito atrás, mas não parecia que alguém estivesse a querer ir mais rápido.


Ao fim de 2 quilómetros, acompanhado por um ciclista a abrir-me caminho, inteirei-me que estava na liderança. Não sabia bem a que ritmo andar, tinha receio de ir demasiado rápido, mas também de ir demasiado lento. Sabia que ainda teria muito pela frente, pelo que apenas decidi ir a um ritmo “confortável”.

Assim fui andando pela ciclovia durante mais um quilómetro, até que tenho pessoas à minha frente a indicar o caminho para a esquerda. Estava agora a entrar no Parque do Monsanto, com uma ligeira subida. Olhei para esquerda, para donde tinha vindo, e reparei que tinha uma vantagem de cerca de 200 metros para os 2º e 3º lugar.

Reparei que estava a passar pelo local da partida dos anos anteriores, teria agora a primeira subida da corrida, ainda por alcatrão. Era uma subida um pouco longa, seguido de plano e descida já em estradão de terra, característico do Parque do Monsanto. Esta parte já reconhecia das outras edições, ia conseguindo gerir o ritmo tranquilamente, até que ao 7º quilómetro surgiram umas subidas bem fortes. Foi quase um quilómetro seguido com várias subidas, interrompidas por umas dezenas de metros de plano, com diferentes níveis de exigência.
 
Tal como já referi anteriormente, eu não sou bom atleta nas subidas, fico cansado muito rapidamente. Fui tentando o que podia, sabendo que pouco atrás viriam os meus adversários, mas a certa altura tive mesmo de parar e fazer a andar. Nesse momento, reparei que um dos atletas estava a cerca de 50 metros de mim e fiz o esforço para começar a correr. Tive hipótese de recuperar pouco a seguir, mas as subidas continuaram até ao 9º quilómetro. Nessa altura, ritmos de 4’/km no plano pareciam fáceis e eram o ritmo de recuperar.

A bater no 10º quilómetro, uma pequena situação quase me fazia perder a corrida toda: numa zona de rotunda, com polícia a controlar o trânsito, ninguém se apercebeu que eu era dos 21km e não dos 42km. Havia uma placa que indicava que a Meia Maratona deveria atravessar a estrada, que eu fiz sem que a polícia parasse o trânsito, mas logo a seguir quase ia seguir em frente, até que ouvi um grito do ciclista que estava a acompanhar que seria para outro lado.

Ainda agoniei durante um pouco enquanto não cheguei ao abastecimento dos 10km, que apenas surgiu quase aos 11 quilómetros. Nessa altura entrou num trilho que acompanhava a estrada, numa ligeira e longa curva à direita e tive oportunidade de olhar para trás e ver que já tinha ganho alguma distância dos outros atletas, mas não mais do que 300 metros.

Durante um segmento plano o ciclista que me acompanhava recebeu uma chamada e referiu que iria apanhar o primeiro da maratona. Honestamente, nesta altura, tive algum receio que me pudesse perder. No entanto, e nisso dou os parabéns à organização, cada curva tinha sempre uma indicação, com uma placa afixada ao nível dos olhos.

Pouco depois disso devo ter atingido a maior velocidade constante da corrida, durante cerca de 500 metros numa linha reta com uma ligeira descida, olhei para o relógio e estava a 3’30’’/km. Foi de curta duração, que logo a seguir uma subida muito agressiva fez-me parar e andar quase 1 minuto seguido a pé. Ainda assim, a vantagem que tinha criado foi suficiente para que não visse os outros dois ao olhar para trás.

Durante a corrida ainda deu para um momento de piada e aliviar-me um pouco a pressão: enquanto estava numa zona plana, estava a vir no sentido contrário um grupo de pessoas a passear; atrás de mim, uns ciclistas que também estavam a passear, que me tinham apanhado; uma das pessoas da frente chama a atenção para “a bicicleta”, para se afastarem, ao que uma senhora olha para mim e exclama “Este perdeu a bicicleta!”.

Chegada à meta
Estava ainda com apenas 13km e o sentimento que não conseguiria ir até ao fim começou a apoderar-se de mim. Começava a sentir cansaço e as pernas a ficarem pesadas, ainda a imaginar o que teria de fazer até à meta.

No entanto, apenas 1,5km depois, com direito a subida a caminhar e descida para recuperar, estava a entrar no segmento final da prova. O abastecimento dos 15km marcava o que seria apenas alcatrão até ao fim da corrida, uma zona que conhecia e estava habituado. Durante o abastecimento tive tempo de beber e refrescar-me com uma garrafa e ainda apanhar outra no final do abastecimento, algo que nunca fiz antes.

Assim que entrei na ciclovia senti uma maior motivação e comecei a correr mais rápido, a fazer o dois quilómetros seguintes nos 3’45’’/km. Mas a ciclovia revelou-se maior do que esperava, no final estava já a ficar cansado e com alguma dificuldade a manter ritmos de 3’50’’. Ia conseguindo esforçar-me a criar pequenos objetivos de ir passando atletas dos 12km, mas o calor neste segmento era particularmente agressivo, sem árvores a criar sombra.

Conversa com 2º e 3º lugar (dois da esquerda)
Já saído da ciclovia, faltavam apenas 2 quilómetros, o ciclista voltou a juntar-se a mim, especialmente para indicar que seria o primeiro atleta dos 21. O cansaço já era muito, ao ponto de numa subida não muito íngreme estar a parar para recuperar.

No final, já com muito esforço do calor, cruzei a meta no primeiro lugar, com 1h27min no relógio.

Tive a oportunidade no final de falar com os outros dois atletas que ficaram em 2º e 3º lugares, partilhar sensações que tivemos durante a prova.


Passado cerca de 1 hora, a entrega de prémios, onde subi ao lugar cimeiro do pódio, naquela que espero que seja a primeira de muitas mais no futuro.

No final, corri 21,09 quilómetros em 1h27min34seg, uma média de 4’09’’/km:
  • 1ºkm 3’27’’
  • 2ºkm 3’31’’
  • 3ºkm 3’47’’
  • 4ºkm 4’25’’
  • 5ºkm 4’05
  • 6ºkm 4’09’’
  • 7ºkm 5’11’’
  • 8ºkm 4’36’’
  • 9ºkm 4’26’’
  • 10ºkm 3’57’’
  • 11ºkm 3’47’’
  • 12ºkm 3’58’’
  • 13ºkm 4’26’’
  • 14ºkm 4’24’’
  • 15ºkm 4’18’’
  • 16ºkm 3’59’’
  • 17ºkm 3’42’’
  • 18ºkm 3’50’’
  • 19ºkm 3’59’’
  • 20ºkm 4’31’’
  • 21ºkm 4’46’’
  • 90 metros 19 segundos (média 3’20’’/km)
Ver registo: Garmin Connect




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